Com todo o respeito que o deputado estadual Raul Carrion (PC do B) merece, o projeto de sua autoria que estabelece a obrigatoriedade da tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa oscila entre o irrelevante e o constrangedor. Irrelevante porque todos os documentos públicos são escritos em língua portuguesa. Constrangedor porque a presença ocasional de um termo de outra língua nestes documentos está longe de ser um dos problemas prioritários que o Estado e o país têm para resolver. O tema só se presta a alguns minutos de holofotes midiáticos. Logo em seguida rumará em disparada para a irrelevância.
Os argumentos nacionalistas usados em defesa do projeto lembram o romance “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, escrito por Lima Barreto no início do século passado. Nacionalista entusiasmado, o personagem que dá nome ao livro, propõe à assembleia legislativa republicana a adoção do tupi como língua oficial. Certamente, o parlamentar não pensa em apresentar nada parecido. Fica a sugestão da leitura em todo caso.
Imagem: Cena do filme “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil”, adaptado para as telas a partir do romance “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto. O personagem principal é encarnado por Paulo José.
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